quarta-feira, 30 de outubro de 2013

A dieta do prato ideal

Diante das novas recomendações do governo americano, te ensinamos como colocar porções hipernutritivas, variadas e pouco calóricas na sua mesa

A dieta do prato ideal



Em mais um esforço para desinflar as estatísticas da obesidade, os Estados Unidos acabam de substituir seu ícone de alimentação saudável. No lugar da velha pirâmide, que desde os anos 1990 é referência para profissionais de saúde e para a população em diversos cantos do globo, o país agora adotou a imagem de um prato. Batizada de MyPlate, a nova representação gráfica pega carona nas últimas diretrizes dietéticas americanas, divulgadas em janeiro deste ano. Ela é dividida em quatro partes, nas proporções que você vê na foto ao lado. Frutas e vegetais ocupam metade do espaço, enquanto grãos e proteínas ficam com a outra parcela. À direita, um copo lembra a importância dos laticínios na dieta.

A ideia, segundo a primeira-dama Michelle Obama, que anunciou o lançamento do novo padrão, é usar um desenho facilmente compreensível até mesmo para uma criança. "Sem dúvida, o prato é mais eficiente para atingir a população como um todo", afirma Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia. A principal crítica às pirâmides — no plural, porque existem diferentes versões — é justamente a dificuldade que pessoas comuns enfrentam para decifrá-las e colocar seus preceitos em prática. "Visualmente, a proporção dos grupos alimentares e o tamanho das porções parecem estar mais claros agora", opina Rosana Perim, gerente de nutrição do Hospital do Coração, em São Paulo.

Mas o MyPlate também tem seus problemas. Um texto publicado pela Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, dá exemplos: à primeira vista, não há como saber que os grãos integrais são melhores que os refinados, ou que feijão, peixe e frango são fontes menos gordurosas de proteína. Sem falar que o prato alude a uma única refeição, quando na verdade a distribuição dos alimentos deve se estender ao longo do dia.

Controvérsias à parte, a missão de todo guia alimentar é incentivar escolhas mais saudáveis e ajudar na prevenção de enfermidades crônicas — se um indivíduo já tem uma doença, deve ter as recomendações ajustadas à sua condição. Nos últimos anos, a prioridade tem sido frear a epidemia mundial de obesidade e reduzir a prevalência de males relacionados ao excesso de peso, como problemas cardiovasculares, diabete e câncer. Por enquanto, a tarefa está longe de ser cumprida. A Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê que, em 2015, serão 700 milhões de obesos em todo o mundo. Em terras brasileiras, quase metade da população está acima do peso e 15% dos adultos são obesos, segundo dados recentes do Ministério da Saúde.

Como deveria ser o prato verde-amarelo

Apesar dos pontos em comum com os vizinhos ao norte do continente, não custa lembrar que o MyPlate foi desenvolvido com base na realidade daquele país, e que, portanto, não pode simplesmente ser emprestado por quem está abaixo da linha do Equador. "É preciso olhar para as nossas questões", pondera a nutricionista Renata Padovani, do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Alimentação da Universidade Estadual de Campinas, no interior de São Paulo. Mas, afinal, o que falta e o que está sobrando no nosso prato?

"O consumo de frutas e vegetais aqui é baixíssimo", alerta Cyntia Carla da Silva, coordenadora do Setor de Promoção à Saúde do Hospital do Coração, na capital paulista. De acordo com a última Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE, esses alimentos representam apenas 2,8% do total de calorias médio que o brasileiro consome diariamente. Isso equivale a um quarto da recomendação, que é de 400 gramas diários. Consequentemente, estamos longe de ingerir a quantidade ideal de fibras, que, aliás, dão uma bela força para quem precisa murchar os pneus.

A nutricionista Mariana Del Bosco, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica, menciona outros dois desajustes da nossa dieta que preparam o terreno para os quilos a mais: os excessos de açúcar e gordura. No caso dos doces, o exagero sempre é negativo. "Essa mania potencializa o risco de diabete, gordura no fígado e colesterol elevado", avisa. Portanto, moderação no consumo.

Sobre a gordura, o problema também está no tipo. E adivinhe com qual nos esbaldamos. Na saturada, que é supercalórica e favorece o entupimento das artérias. Maneirar na ingestão pode ser mais fácil do que parece. Acompanhe a conta que Mariana propõe. Se uma família de quatro pessoas reduzir o uso mensal de óleo de três latas para uma e meia, cada um deixaria de ingerir 112 calorias por dia. Em dois meses, essa pequena mudança resultaria em quase 2 quilos a menos na balança para cada indivíduo.

Usar o prato como modelo de dieta balanceada não é exatamente uma novidade. Reino Unido, Austrália, Suécia e outros países já trabalham com esse recurso gráfico. No Brasil, apesar da popularidade da pirâmide alimentar, o governo não emprega nenhum ícone oficial. No dia a dia, entretanto, são muitos os profissionais de saúde que lançam mão de desenhos e esquemas para orientar seus pacientes. Um exemplo é o que se ensina no Hospital do Coração, em São Paulo. Lá, a sugestão de menu é um prato em que metade deve ser reservada aos vegetais, um quarto a uma porção pequena de carne magra e o quarto restante à dupla arroz com feijão.

Resgatar essa parceria, que por tanto tempo protagonizou a nossa dieta, é, também, uma maneira de controlar o ataque aos snacks, processados e afins, fontes inesgotáveis de carboidratos refinados. Esses nutrientes elevam rapidamente os níveis de açúcar no sangue e estimulam a produção de insulina, o hormônio que coloca a glicose dentro das células. Com a insulina à solta, o organismo é convidado a estocar gordura.

Em busca da redução do sódio

"Não dá para voltar atrás em relação aos industrializados, mas é possível buscar soluções para tornar seu consumo menos prejudicial", acredita a nutricionista Beatriz Botéquio, da Equilibrium Consultoria em Nutrição e Bem-Estar, em São Paulo. Uma ideia, ela diz, é dar preferência a produtos que levam o selo Minha Escolha. Eles cumprem critérios estabelecidos pela Fundação Internacional Choices para nutrientes como gordura saturada, gordura trans, açúcar e sódio.

E, para dar um basta ao sódio nosso de cada dia, o Ministério da Saúde e a indústria de alimentos assinaram em abril um termo de compromisso que prevê a redução desse ingrediente em 16 alimentos, começando por massas instantâneas, pães e bisnaguinhas. A quantidade diária de sódio disponível nos domicílios do país hoje é de 4,5 gramas, mais que o dobro do limite estipulado pela OMS, de 2 gramas.

Dá para simplificar sem perder qualidade? Essa é a pergunta que, no fundo, todo mundo se faz frente a tantas recomendações, cuidados e medidas. Será que existe um jeito simples de se alimentar da forma adequada? De acordo com o trabalho coordenado pela psicóloga alemã Jutta Mata, do Max Planck Institute for Human Development, em Berlim, descomplicar é o melhor caminho para garantir o sucesso de uma dieta. "Descobrimos que o nível de complexidade cognitiva está totalmente ligado à adesão a um regime", conta a pesquisadora. Em outras palavras, quanto menos elementos, cálculos e demais informações tiverem que ser processados, maior é a chance de sucesso inclusive na manutenção de peso. Nesse caso, ponto para o novo prato americano, que confia na simplicidade para orientar a população.

O estudo conduzido por Jutta e seus colegas também pesa em favor do que a maioria dos especialistas está cansada de pregar: dietas mirabolantes não são capazes de garantir uma vida mais saudável. E aí chegamos à já conhecida conclusão de que o segredo está mesmo no equilíbrio. "O que falta é parar e pensar no que vamos comer", resume o nutrólogo Durval Ribas Filho.

Como o principal desafio é derrubar o ponteiro da balança, não dá para ignorar que o excesso de peso é um problema multifatorial. "Um levantamento do governo inglês faz um paralelo entre a obesidade e o aquecimento global, porque ambos são problemas complexos que exigem não só mudanças de comportamento mas econômicas e sociais", afirma o endocrinologista Walmir Coutinho, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Patrícia Jaime, coordenadora de alimentação e nutrição do Ministério da Saúde, concorda. "As taxas de obesidade no país só poderão ser reduzidas com ações em diversos âmbitos", diz. Que tal começar pelo seu prato?

A gente come assim

Este ano, o Ministério da Saúde divulgou os resultados do Vigitel 2010, uma pesquisa que avalia fatores de risco e proteção para doenças crônicas, com base em entrevistas feitas por telefone. Veja o que dizem os brasileiros sobre seus hábitos alimentares

56% dos brasileiros afirmam tomar leite integral

34% consomem carne com excesso de gordura

66% consomem feijão cinco ou mais vezes por semana

18% consomem cinco ou mais porções de frutas e hortaliças por dia


O que mudou
Nosso padrão alimentar está se transformando. Observe o que houve com a participação de alguns alimentos na média diária de calorias entre 2002 e 2009

Embutidos
Aumento de 23,5%

Pães
Aumento de 12%

Biscoitos
Aumento de 10%

Arroz
Queda de 7%

Feijão
Queda de 18%

Farinha de mandioca
Queda de 20%


A pirâmide no tempo

Diversas versões foram criadas antes da recente implosão. Conheça as principais

1992 • O Departamento de Agricultura americano desenvolve
a primeira referência triangular do garfo saudável.

1999 • A nutricionista Sônia Tucunduva Philippi, da Universidade de
São Paulo, adapta a pirâmide americana aos nossos hábitos.

2000 • A Clínica Mayo, nos Estados Unidos, cria uma
variante que resgata a importância da atividade física.

2001 • Especialistas de Harvard fazem a sua e enfatizam
o consumo de cereais integrais e óleos vegetais.

2005 • A MyPyramid distribui os alimentos verticalmente
e traz orientações conforme o perfil de cada pessoa.


À brasileira
Desde 2006, as diretrizes do governo brasileiro estão reunidas no Guia Alimentar para a População Brasileira, que indica porções diárias para oito grupos de alimentos. A nutricionista Beatriz Botéquio, da Equilibrium Consultoria em Nutrição, em São Paulo, criou um cardápio baseado nessas recomendações


 Grupos Alimentares Porções Recomendadas
 Cereais, tubérbulos, ráizes e derivados 6
 Feijões 3
 Frutas e sucos de frutas naturais 3
 Legumes e verduras 3
 Leite e derivados 3
 Carnes e ovos 1
 Óleos, gorduras e sementes oleaginosas 1
 Açúcares e doces 1

Café da manhã
• 1 copo (200 ml) de leite desnatado
• 2 fatias de pão integral
• 1 colher de chá de margarina
• 1/2 unidade de mamão papaia

Lanche da manhã

• 1 goiaba vermelha pequena

Almoço
• 1 pires de salada de folhas verdes
• 2 colheres de sopa de cenoura
• 1 colher de sobremesa de azeite
• 4 colheres de sopa de arroz integral
• 1 concha de feijão
• 2 unidades de almôndega de
carne recheada com espinafre
• 1 copo (200 ml) de suco de maracujá

Lanche da tarde
• 4 torradas integrais salgadas
• 1 iogurte desnatado de frutas

Jantar
• 1 prato de sobremesa de alface
roxa com minicenoura e cubos
de abacaxi
• 3 colheres de sopa de batata corada
• 1 unidade pequena de filé de frango
grelhado com molho barbecue

Lanche da noite
• 1 copo de leite desnatado


Proteína: quanto botar no prato?

Ela prolonga a saciedade e, daí, facilita o emagrecimento. Por outro lado, se consumida em excesso, pode elevar o risco de tumores e doenças cardiovasculares. Por isso, vale questionar até que ponto aumentar a porção


Imagine um time de futebol em que todos os jogadores são atacantes — sem goleiro, zagueiros ou meio-campistas. Seria um caos, não? A equipe inteira estaria focada em marcar gol, mas não haveria ninguém para defender e criar jogadas. Agora, transponha essa situação para o nosso organismo, que precisa de vários nutrientes para obter energia, reparar tecidos e se proteger de invasores. Sem substâncias com diversos papéis, também ficamos alvos de desfalques, que, nesse caso, significam ceder espaço a distúrbios. Não é por menos que os especialistas repetem o velho mantra de equilibrar a dieta e colocar na balança as vantagens e as desvantagens de aumentar o consumo de um nutriente específico. A bola da vez, há algum tempo, é a proteína. 

Duas pesquisas esquentam a discussão sobre incrementar ou não a oferta proteica ao cardápio. O primeiro, da Universidade Purdue, nos Estados Unidos, aponta o lado positivo dessa estratégia: a proteína, de fato, aumenta a saciedade e evita ataques à geladeira à noite. "A digestão desse nutriente é mais difícil e lenta. Então, ele passa mais tempo no estômago", diz a nutricionista Marina Romanini, da Universidade Federal de São Paulo. 

No entanto, o nutriente não escapa de acusações. Outro trabalho, este da Universidade de Aberdeen, na Escócia, sugere que os fãs de menus hiperproteicos correm maior risco de câncer no intestino. É que os mais fanáticos pelo ingrediente muitas vezes deixam de lado carboidratos e vegetais. "Aí a dieta se torna mais rica em gordura e fornece menos vitaminas e minerais, abrindo espaço para diversas doenças", concorda a nutricionista Rosana Maria Cardoso, do Hospital Israelita Albert Einstein, na capital paulista. 

Será que vale a pena, então, enfrentar esse risco com o intuito de emagrecer? Segundo os especialistas ouvidos por SAÚDE, a resposta é não. Para eles, a recomendação de ingestão diária preconizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já contempla a dose saudável e segura. "O ideal é consumir entre 0,8 e 1,2 grama de proteína por quilo de peso corporal todo dia", orienta a nutricionista Paula de Oliveira, do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Uma pessoa de 60 quilos, por exemplo, deve comer cerca de 60 gramas por dia — e, pelas páginas desta reportagem, você terá bons exemplos de como suprir essa cota. 

O QUE REALMENTE DIMINUI A VONTADE DE COMER Há anos a proteína carrega a fama de ser um nutriente pró-emagrecimento. E o trabalho americano reforça esse status. "Na absorção das proteínas, ocorre um aumento no gasto de energia corporal, maior do que o provocado por carboidratos e gorduras", afirma Paula. Se o organismo trabalha a mais, também torra calorias. O segredo da dieta hiperproteica, contudo, está ligado à redução dos carboidratos, o que propicia uma queima dos estoques de gordura. "Sem o excesso deles, essas reservas são destruídas", diz a nutricionista Livia Yokomizo, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo. "Além disso, a queima libera substâncias que atuam no sistema nervoso, aumentando a saciedade." 

Apesar dessa vocação para promover sensação de barriga cheia, a dieta farta em proteína está saindo de moda. "Saciedade por saciedade, é preferível recorrer às fibras", dispara Marina. Essas substâncias fornecidas por frutas, verduras, legumes e cereais integrais também passam devagarinho pelo estômago e, mais do que isso, estabilizam o funcionamento do intestino, facilitando a tarefa de enxugar as medidas.
Os experts em nutrição acreditam que não é preciso exagerar em um único nutriente (proteína ou qualquer outro) para emagrecer — em curto prazo, isso pode até dar certo, mas cobra um preço e tanto da saúde. "A dieta rica em proteína se torna monótona e gordurosa, já que as pessoas apostam nas fontes animais, como a carne vermelha", exemplifica a nutricionista Mariana Exel, do Hospital Samaritano de São Paulo. "Com o passar do tempo, há uma maior probabilidade de doenças cardiovasculares, propiciadas pelo acúmulo de gordura nos vasos." Os rins também podem sofrer. "As proteínas são ricas em nitrogênio, composto que precisa ser eliminado pelos rins, que acabam sobrecarregados", justifica Marina. 

Voltando ao risco de tumores, é bom esclarecer que a questão ainda é polêmica. "Não há provas de que o consumo maior de proteína em si aumente a ameaça. Mas existem evidências de que a ingestão excessiva de algumas de suas fontes — como carnes vermelhas e embutidos — contribui, sim, para a doença", diz Livia. "O que incrementa a possibilidade de o problema dar as caras é o desbalanceamento da dieta, com falta de carboidratos e fibras", enfatiza a nutricionista Mariana Del Bosco, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. 

QUANTA PROTEÍNA PÔR NO PRATO. E COMO COLOCÁ-LA Já deu para entender que abusar nunca é solução. Por outro lado, tampouco é proveitoso restringi-la na dieta. Sem proteína, a construção dos músculos, por exemplo, fica debilitada. Aliás, indivíduos acima de 60 anos precisam estar atentos à ingestão proteica. "Como eles perdem facilmente massa magra, devem consumir fontes do nutriente de melhor qualidade, e não necessariamente elevar a quantidade delas", diz a nutricionista Cristiane Castellar, do Hospital Quinta D’Or, no Rio de Janeiro. 

Outra medida para qualquer idade é não investir só nos redutos gordos do ingrediente, caso da carne vermelha. Peixes, frango, queijos magros e leite desnatado também oferecem proteína, mas sem gordura de sobra. Entre os vegetais — sim, eles têm sua porção proteica —, aposte na soja e na dupla arroz e feijão. Leguminosas como a ervilha e a lentilha, além de castanhas e nozes, complementam as opções. "As fontes vegetais, combinadas, possuem valor nutricional equivalente ao da proteína animal, ainda considerada a melhor de todas", afirma Paula. Não há desculpas para errar na dose. Basta diversificar. 

Para quem sua a camisa Quem pratica atividade física não precisa consumir quantidades muito maiores de proteína do que os sedentários — a menos que o indivíduo seja um verdadeiro atleta de resistência ou de força. Só nesses casos se deve consumir entre 1,2 e 1,8 grama do nutriente por quilo de peso. Afinal, a proteína é essencial para fornecer energia durante o esforço extra e garantir a reconstrução do tecido muscular. 

15 g É a quantidade de proteínas do café e do lanche da manhã para quem pesa 60 quilos. Aposte, por exemplo, em torradas com requeijão, iogurte e castanhas 

35 g O almoço é a hora de rechear o prato com o nutriente, que também deve entrar no lanche da tarde. Arroz com feijão, peixe, brócolis cozidos e salada verde compõem um bom pedido 

10 g 
À noite, falta pouco para alcançar a recomendação de ingestão diária do nutriente. Quer uma sugestão? Vá de sopa de ervilha com torradinhas

Vitamina D: quando vale a pena suplementar?

Nem todo mundo consegue obter níveis adequados da substância. Investigamos em que situações as gotinhas do suplemento podem (ou devem) ser convocadas


Para um número cada vez maior de cientistas, a protagonista desta reportagem merecia ser eleita a molécula do século no que sito longevidade. Depois de provar seu papel protetor aos ossos, ela acumula de tempos em tempos um novo potencial preventivo ou até terapêutico. De doenças cardíacas a câncer, a impressão é que boa parte dos males crônicos tem menos probabilidade de aparecer quando os níveis da substância — que dentro do corpo trabalha como hormônio — estão em alta. A história seria perfeita se todas as pessoas tomassem banhos diários de sol, se abastecessem de salmão e sardinha e, acima de tudo, não houvesse fatores capazes de atrapalhar a produção da vitamina pela pele. 

A realidade, porém, é diferente: estima- se que entre 30 e 50% da população mundial apresente taxas inadequadas de vitamina D — fenômeno que não poupa um país tropical como o Brasil. Essa defasagem tende a ser maior nas grandes cidades, porque, dentro de casa, do escritório ou do carro, as pessoas acabam fugindo do sol. 

Atingir a cota de 400 a 600 unidades internacionais, preconizada a adultos saudáveis, não é tarefa hercúlea. "Bastaria caminhar no parque permanecendo com braços e pernas expostos ao sol, sem filtro solar, durante 15 minutos pela manhã", diz a nutricionista Lígia Martini, da Universidade de São Paulo. 

Mas, como você deve imaginar (ou sentir na pele), a rotina atribulada e as variações climáticas dificultam as coisas. "Além disso, depois dos 50 anos a necessidade de vitamina D aumenta para cerca de mil unidades diárias", observa a reumatologista Vera Szejnfeld, da Universidade Federal de São Paulo "E, com o avançar da idade, nossa pele perde a capacidade de sintetizar a substância a contento." Daí, não adianta torrar sob o sol. A solução definitiva também não seria se refestelar de salmões, por exemplo. Convenhamos: não há apetite que aguente. 

O fato é que, se os níveis da molécula no sangue ameaçam minguar, é recomendável estudar a possibilidade de recorrer à suplementação, ou seja, às gotas da versão sintética da vitamina. "Além de contribuir com a osteoporose, o déficit desse hormônio provoca dores nos ossos e fraqueza", avisa Vera. Bem indicados, os suplementos exibem altos índices de segurança. "As doses recomendadas não oferecem o risco de intoxicação nem efeitos colaterais", garante a professora. 

Existem grupos para os quais a suplementação é extremamente bem-vinda. Isso significa que entre essa gente faz todo o sentido dosar a molécula no sangue e, se necessário, adotar em seguida o conta-gotas. Encabeçam a lista as mulheres na menopausa, alvos fáceis da osteoporose. Sozinho, o cálcio não faz milagre pelos ossos: é a vitamina D que assegura sua absorção no intestino. Quem tem mais de 65 anos também deve investigar suas taxas. Além de o organismo perder a competência para produzi-la, essa turma está mais ameaçada de fraturas. "E a vitamina D ajuda inclusive a evitar a perda da massa muscular", afirma a nutricionista Camila Freitas, de São Paulo.

Todas as pessoas privadas de saídas frequentes ao ar livre precisam ficar de olho na concentração de vitamina D que corre em suas veias. "Devemos avaliar a necessidade de suplementação em indivíduos doentes, acamados e naqueles que apresentam sérias restrições para tomar sol", afirma a endocrinologista Victoria Borba, presidente do Departamento de Metabolismo Ósseo e Mineral da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Faz parte desse grupo, por exemplo, quem já teve um câncer na pele e, assim, é orientado a se esquivar do astro rei. 

Por falar no tecido que reveste o corpo inteiro, sua tonalidade interfere na fabricação da vitamina. A pele dos negros, por exemplo, pena para sintetizá-la, e, por isso, eles costumam padecer mais facilmente com níveis insuficientes. "A melanina, o pigmento da epiderme, funciona como uma barreira natural contra os raios solares", justifica Vera Szejnfeld. Nesse aspecto, essa proteção não é 100% benéfica. 

A obesidade é outro capítulo à parte quando rastreamos os estoques da prestigiada molécula. A vitamina D é normalmente armazenada no fígado e nas células de gordura — quando é requisitada, migra desse depósito para a circulação. "Só que nos obesos ela acaba presa no tecido adiposo", diz Vera. Resultado: falta vitamina no sangue e, assim, não é de jogar fora a ideia de recorrer à suplementação. Mesmo quem se submete a uma cirurgia bariátrica não escapa desse déficit. "Como alguns desses procedimentos promovem um desvio no intestino, há um comprometimento na absorção da substância", avisa Victoria. E, aí, chamem as gotinhas. 

Terapia DA vitamina também se destaca como uma patrocinadora do sistema imune. "As células de defesa usam esse hormônio, que ajuda a regular sua atividade", explica o neurologista Cícero Galli Coimbra, da Universidade Federal de São Paulo. Mais do que debandar infecções, nossa protagonista vem sendo explorada no contraataque às doenças autoimunes, como a artrite reumatoide — uma das hipóteses para a erupção desses distúrbios, aliás, é justamente a carência da molécula. "Na esclerose múltipla, que ataca o sistema nervoso, corrigir essa deficiência permite que muitos pacientes fiquem livres das manifestações do problema", afirma Coimbra. As doses, nessas condições, costumam ser mais elevadas, é claro. 

A substância ainda é empregada contra a psoríase, doença crônica marcada por lesões na pele. Mas, em vez do suplemento, o médico receita uma pomada à base da vitamina. "Na psoríase, as células da pele estão desreguladas e se multiplicam num ritmo acelerado, gerando as crostas", explica a dermatologista Letícia Secco, da Sociedade Brasileira de Dermatologia. "O creme permite que essas células voltem a replicar em velocidade normal e os sintomas tendem a zerar." Seja dentro de uma loção, seja em forma de gotas; seja com as bênçãos do sol, seja na degustação de um salmão: cada vez mais se reconhecem os méritos da vitamina D — e quem ganha com essa fama somos nós.

O banho de sol O corpo fabrica vitamina D graças ao contato com os raios solares. O ideal é se expor diariamente em média 15 minutos entre as 10 e as 15 horas. Passe o filtro solar no rosto e deixe pernas e braços livres, já que o creme limita a absorção da luz. "No entanto, pessoas mais claras, que necessitam de proteção solar absoluta, obtêm a vitamina mais facilmente, se expondo menos de 15 minutos três vezes por semana", diz o dermatologista Marcus Maia, da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. 

Parceira do cálcio Calcula-se que apenas 15% desse mineral vindo da alimentação é absorvido pelo intestino na ausência da vitamina D. É por isso que ela tem papel de destaque na prevenção e no controle da osteoporose, o mal dos ossos fracos. Não bastasse isso, estudos sugerem o seguinte: quem suplementa cálcio sem se abastecer de vitamina D corre mais risco de sofrer uma calcificação nas artérias, fenômeno que precede ataques cardíacos. 

A pitada da alimentação O sol é a principal fonte de vitamina D, mas o cardápio pode reforçar essa cota. Para facilitar a vida, chegam agora ao mercado iogurtes e leites enriquecidos com a substância



Falta vitamina d pelo mundo 

Confira a taxa de insuficiência de vitamina D em mulheres que já passaram pela menopausa e sofrem de osteoporose — um dos grupos mais prejudicados pelo seu déficit 



* Veja que curioso: a alta incidência de décift nessa região se deve, inclusive, ao uso de vestes que não deixam o corpo exposto 

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Por que amamos tanto gordura

Sejam doces ou salgados, alimentos engordurados nos atraem de forma quase incontrolável. Agora, esse desejo ganha atenção especial da ciência, que desvenda: ele não depende, nem de perto, só do paladar

Por que amamos tanto gordura



Do ponto de vista evolutivo, o ser humano, assim como qualquer outro animal, tem duas missões primárias: sobreviver e preservar a própria espécie. Ambos os objetivos definem a maioria das ações que cada um toma, mas, curiosamente, quase não são lembrados no dia a dia. Então, o que motiva as pessoas a se relacionarem, fazerem sexo, comerem e realizarem qualquer outra atividade que, no fim das contas, ajuda a manter os homens na Terra? Para encurtar e simplificar a história, dá para dizer que a resposta é o prazer. O organismo reforça comportamentos considerados positivos transmitindo uma sensação de deleite.

Segundo descobertas recentes, uma das práticas que mais estimulam esse mecanismo de recompensa é a ingestão de lipídios. Um estudo inusitado da Universidade da Califórnia em Irvine, nos Estados Unidos, em conjunto com o Instituto Italiano de Tecnologia, aponta que, ao saborearmos um prato gorduroso, o próprio intestino produz endocanabinoides, substâncias primas do princípio ativo da maconha e que provocam bem-estar. "E isso não ocorreu quando as refeições eram à base de carboidrato ou de proteína", completa Daniele Piomelli, coordenador do trabalho.

Cardápios bem gordos, portanto, trariam um sentimento de satisfação único. "Isso justificaria a dificuldade em controlar o anseio por esses alimentos. O indivíduo buscaria sempre mais para se sentir bem", sugere Piomelli. Como se isso fosse pouco, os endocanabinoides ajudam a regular, no trato digestivo, o sistema de saciedade. Em altas quantidades, eles mantêm a fome por um tempo prolongado, o que culmina em excessos à mesa.

Ela sempre agradou, mas hoje está virando um vício

Outra substância que acarreta estímulos agradáveis é a dopamina. E — adivinhe! — esse neurotransmissor é fabricado pelos neurônios quando colocamos batatas fritas, pastéis e afins na boca. A dúvida que pairava no ar até pouco tempo atrás, no entanto, é se esse processo seria deflagrado apenas pelo sabor do banquete calórico.

Para esclarecer esse ponto, a biomédica Jozélia Ferreira e o neurocientista Ivan de Araújo, dois brasileiros da Universidade Yale, nos Estados Unidos, resolveram montar um experimento que tirasse o paladar de cena. Em outras palavras, eles administraram alimentos gordurosos diretamente no estômago de ratos. E, após o término da avaliação, observaram que as taxas de dopamina continuavam elevadas. "Mais do que isso, os animais passaram a apresentar um forte desejo por essas refeições", reforça Araújo. Logo, por mais que o sabor reforce essa atração, ela parece estar intimamente ligada à fisiologia do corpo inteiro.

Porém, você há de convir que um anseio exacerbado por menus tão engordativos é perigoso nos dias de hoje, em que os índices de obesidade crescem vertiginosamente. Assim, por qual razão o organismo acha a gordura um nutriente tão benéfico a ponto de desencadear reações agradáveis assim que ela é consumida?

"Há muitos anos, os homens passavam dias até encontrar a caça", lembra Paulo Jannuzzi Cunha, neuropsicólogo do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. "Como obviamente não tinham geladeira, eles ingeriam a maior quantidade possível de comidas altamente calóricas, de modo a ter uma reserva para tempos difíceis", arremata.

Acontece que o ambiente em que vivemos mudou drasticamente. "Só para mencionar um exemplo, há aproximadamente 200 anos houve uma industrialização importante. A população começou a ter acesso mais fácil a produtos alimentícios e ainda deixou de se movimentar tanto como antes", relata o nutrólogo Celso Cukier, presidente da Sociedade Brasileira de Nutrição Clínica. Até pela velocidade em que ocorreram, tais alterações na sociedade não foram acompanhadas por mutações biológicas. E, por ter se transformado em uma fonte de prazer fácil, a gordura infelizmente virou um vício para muitos.

"O indivíduo, como com qualquer droga, sabe que está causando prejuízos a si, mas continua com o hábito mesmo assim", compara Walmir Coutinho, endocrinologista da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). "Quando perguntadas sobre o que comem, as pessoas em geral tendem a mentir sobre a quantidade de porções gordurosas ingeridas. É como se elas se sentissem culpadas com a própria atitude", exemplifica Coutinho.

Nem a mais, nem a menos. O caminho é a moderação

Essa verdadeira dependência, quando não controlada, cai em um círculo vicioso extremamente prejudicial — e, aliás, que se parece muito com o das drogas. "Sabe-se que, quando exposto a doses elevadas de dopamina, o organismo passa a ficar menos sensível a ela", ensina Adriano Segal, psiquiatra da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), em São Paulo. "Então, a exemplo de um viciado que busca cada vez maiores quantidades de cocaína para se sentir bem, será necessário ao longo do tempo mais e mais gordura para ativar o sistema de recompensa", conclui.

Isso, por sua vez, culminará em uma dieta repleta de petiscos e guloseimas altamente calóricos, o que provavelmente terminará em quilos de sobra e uma senhora barriga. E sempre vale reforçar: a obesidade é um importante fator de risco para inúmeras complicações, que vão desde doenças cardiovasculares até o temido câncer.

Contudo, há duas grandes diferenças entre o desejo irrefreável por um psicotrópico e o que está por trás do consumo exagerado de manteiga e torresmo. "As gorduras até causam excitação, mas não alucinações. E, diferentemente das drogas, é impossível cortá-las do cotidiano, porque todos precisam desse nutriente para viver", enumera Paulo Jannuzzi Cunha.

Por mais que o exagero seja danoso, os ácidos graxos, além de ótimas fontes de energia, constituem as membranas celulares e ajudam na produção de hormônios, só para citar duas funções. O jeito é consumi-los com moderação e por meio de fontes diversas. Isso porque existe mais de um tipo de gordura — e, com exceção da trans, os outros trazem benefícios ao corpo. "De 25% a 30% do total de calorias diárias deve vir dessas substâncias", estima a nutricionista Maria Gandini, da RG Nutri, na capital paulista. A princípio, esses números dão a impressão de que é possível almoçar só linguiça com maionese. "Mas, na realidade, uma colher de sopa de azeite, sozinha, fornece 100 calorias, o que representa um quarto do total a ser ingerido", calcula a nutricionista Maria.

Em suma, as escolhas no cardápio devem ser feitas de forma racional, especialmente quando o assunto é a gordura saturada (saiba quais as doses ideais de cada modalidade nos quadros acima). Se ela é engolida aos montes, a vontade por pratos que alavancam o sobrepeso aumenta. "A versão saturada, em excesso, causa uma inflamação no hipotálamo, região do cérebro responsável pela saciedade", alerta Marciane Milanski, nutricionista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior de São Paulo. A reação dificulta o trabalho da leptina, substância liberada com o intuito de passar a mensagem de que é hora de parar com as garfadas. Essa resistência faz a gula dar as caras. E, cá entre nós, dificilmente alguém aplaca um apetite digno de jiboia com alface e tomate. Uma baita fome dessas só é aquietada com uma avalanche de comida.

Atenuar a fissura por gordura não é tarefa simples. "Quando deixa de ingeri-la em grandes quantidades, o obeso tende a ficar irritado e depressivo. Estamos falando de uma espécie de crise de abstinência", enfatiza Jannuzzi Cunha. Por isso, muita gente com essa dependência não gosta de ouvir que, para montar refeições saudáveis, basta ter força de vontade. Ela faz a diferença, mas o essencial é planejamento.

Quando for ao supermercado, leve sempre uma lista de compras junto — e se esforce ao máximo para segui-la. De preferência, elabore a relação de produtos a serem escolhidos na gôndola quando estiver sem fome. "Isso faz com que as decisões sejam racionais e sempre voltadas para o objetivo de comer corretamente", justifica o endocrinologista Walmir Coutinho.

Ao bolar esse inventário dos alimentos a serem adquiridos, não se esqueça das fibras, encontradas em frutas, leguminosas e na aveia. Primeiro porque promovem a sensação de saciedade. "Segundo porque diminuem a absorção do excesso de gorduras", complementa a nutricionista Marciane Milanski, da Unicamp.

Atualmente, os especialistas observam que estratégias para assegurar níveis ideais de dopamina e de outros neurotransmissores que trazem bem-estar também auxiliam a reconquistar o controle sobre o que entra no cardápio. É que elas funcionariam como substitutos de salames e companhia na busca por satisfação.

Uma das que comprovadamente desencadeiam esse efeito é a atividade física. "Ela mexe com o sistema de recompensa. O problema é que muitos pacientes não gostam de se exercitar e, quando forçados, ficam ainda mais nervosos", lamenta Adriano Segal. Aí, o tiro sai pela culatra — com a cabeça quente por causa da malhação, o indivíduo buscará conforto em uma porção de coxinhas, por exemplo.

A regra é investir em práticas que o agradem. Pode ser ouvir música e até ir ao cinema — sem o saco de pipoca, claro. No fim, todos os hobbies vão reabastecer o estoque de substâncias prazerosas, regulando a ânsia por gordura. Quem disse que, para se alimentar direito, é preciso sofrer?! Muito pelo contrário.

Um novo caminho contra a obesidade 

"A maioria dos medicamentos para controlar o excesso de peso age no sistema nervoso central, promovendo saciedade", explica o endocrinologista Walmir Coutinho, da PUC do Rio de Janeiro. Todavia, essas pílulas são alvo de críticas pelos possíveis efeitos colaterais que trazem — algumas, como as anfetaminas, podem gerar dependência e desencadear transtornos psiquiátricos. É até por isso que, na atual conjuntura, a descoberta de Daniele Piomelli sobre a ação de endocanabinoides no intestino se torna ainda mais essencial. "Nossos achados podem ser um passo importante para o desenvolvimento de remédios que não atuem diretamente no cérebro", acredita Piomelli.

Dependência gordurosa
Entenda como os ácidos graxos causam a maior fissura

1) Da cabeça para o corpo
Sensores específicos da língua, assim que a gordura entra na boca, mandam um sinal ao cérebro, que processa a informação. Em seguida, ele envia através do nervo vago a ordem para que o jejuno, parte do intestino delgado, produza endocanabinoides.

2) A viagem de volta
Essas substâncias se ligam, no próprio trato digestivo, a receptores especiais, chamados de CB1. Quando isso ocorre, um sinal — que os cientistas ainda não identificaram exatamente — chega à massa cinzenta. Resultado: bem-estar e mais apetite por alimentos gordurosos.

3) Altos e baixos
Certos neurônios fabricam dopamina no momento em que se consomem lipídios, promovendo um barato natural. Quando os índices da substância caem, essa sensação é dissipada. Aí, para se sentir como antes, a pessoa exagera no bacon, no sorvete cremoso, nas frituras...

As poli-insaturadas

Elas auxiliam no combate contra problemas cardíacos e inflamações. Das calorias diárias, 10% precisam vir dessa variedade — 1 filé de salmão, 1 colher de sopa de maionese industrializada e mais 1 de óleos vegetais garantem essa porcentagem.

As monoinsaturadas
Outros 10% estão reservados para esse tipo, presente no azeite e em boa parcela das oleaginosas, a exemplo do amendoim. Cerca de 7 amêndoas e 4 castanhas de caju dão conta do recado e, segundo pesquisas, reduzem os níveis do LDL, o colesterol ruim.

As saturadas
Elas abastecem as células com energia. Isso, contudo, não justifica uma ingestão maior do que 7% das calorias diárias — se a margem é ultrapassada, o risco de artérias entupirem sobe. Um bife de contrafilé ou 4 pequenas fatias de bacon preenchem o requisito.

As trans
Hoje, estão praticamente banidas por gerarem doenças coronarianas. Mesmo assim, verifique o rótulo de produtos industrializados como os biscoitos. O certo é não colocá-la nas refeições. No máximo, limite-se a 1% das calorias diárias. Ou seja, uma bolinha de sorvete.

O que sabota a alimentação adequada

Todo mundo tem suas manias, como petiscar enquanto assiste a TV. Quem pretende controlar a vontade por devorar guloseimas deve ficar atento a esses hábitos. "No início, evitar se pôr em situações que o façam se lembrar de comidas calóricas é um passo importante", salienta o psiquiatra Adriano Segal. Não é que a pessoa está proibida de ver seu programa favorito — ela só vai ter que analisar cada prática do cotidiano para fazer eventuais ajustes, como tirar o salgadinho da despensa. Agora, em casos mais graves, será realmente necessário cortar determinados costumes. Afinal, almoçar em churrascarias ou lanchonetes dificilmente é sinal de uma refeição equilibrada.

Cardápio contra a ansiedade

Viver agitado e com um emaranhado de preocupações na cabeça não só prejudica o humor como faz o ponteiro da balança disparar. Por isso, dê um tempo e invista em nutrientes pró-calmaria
Pense em quantas vezes você desejou que o dia tivesse 48 horas para cumprir todas as tarefas e, ante a impossibilidade de esse milagre acontecer, passou o tempo todo correndo de um lado para o outro. Foram muitas, certo? Pois saiba que a tensão constante causa alterações no humor e, acredite, no peso. "A ansiedade nas alturas contribui para a produção de cortisol, um hormônio associado ao acúmulo de gordura no abdômen", conta Fabiana Honda, nutricionista da PB Consultoria em Nutrição, na capital paulista. Uma maneira consagrada de apagar o pavio desse estresse é fazer exercícios. Mas não é a única.

"Há estudos que apontam a relação entre certos nutrientes com uma menor agitação", diz Ana Paula Fioreti, coordenadora do curso de nutrição da Universidade São Francisco, em Bragança Paulista, no interior do estado. Um desses trabalhos foi publicado recentemente pela Universidade do Estado de Ohio, nos Estados Unidos. Nele, os jovens que receberam suplementação de ômega-3 apresentaram uma redução de 20% nos níveis de ansiedade quando comparados a quem consumiu cápsulas inócuas. "A dieta exerce um papel importante no controle dos ânimos", reconhece o médico Walmir Coutinho, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. "Mas nenhum alimento é mágico." Patrícia Spada, psicanalista e doutoranda em nutrição na Universidade Federal de São Paulo, concorda: "O tratamento é multidisciplinar". 

Ressalvas feitas, confira, abaixo, nutrientes que deixam tanto o cardápio quanto a sua mente mais equilibrados.

Ômega-3

Para os pesquisadores da Universidade do Estado de Ohio, a suplementação com essa gordura benéfica brecaria a ansiedade ao reduzir a concentração de citocinas, substâncias consideradas pró-inflamatórias. A nutricionista Fabiana Honda informa outro possível mecanismo: "Os ômegas 3 e 6 facilitam a atuação de neurotransmissores como a serotonina, que cria a sensação de bem-estar". 

Fontes: linhaça, óleos vegetais, azeite de oliva e peixes de água fria, como atum, sardinha e salmão

Triptofano

Esse aminoácido essencial é precursor da tal serotonina. "Pessoas com concentrações normais da substância têm menos episódios de ansiedade", afirma Priscila Meirelles, nutricionista funcional de Pelotas, no interior gaúcho. Aposte também em carboidratos complexos, como os cereais integrais, que estabilizam os níveis de insulina. É que esse hormônio, responsável por botar o açúcar para dentro das células, deixa o triptofano mais disponível no sangue. 

Fontes: banana, leite, arroz integral, soja, feijão, chocolate amargo, peixe, aves, carne bovina, manga e abóbora

Magnésio

Segundo Fabiana, a enzima que converte o triptofano em serotonina é dependente desse mineral e, daí, sua presença ajuda a acalmar os nervos. "Além disso, o magnésio bloqueia um receptor chamado NMDA, que causa uma excitação exagerada no cérebro. A consequência são sintomas como irritação, ansiedade e estresse", conta Ana Paula Fioreti, da Universidade São Francisco. 

Fontes: cereais e grãos integrais, abacate, nozes, castanhas, amêndoas e vegetais folhosos

Vitamina C

"Estudos com cobaias mostram que ela ajuda a reduzir a produção de cortisol, hormônio do estresse", conta Fabiana Honda. E esse não é seu único trunfo: ela combate os radicais livres, moléculas nocivas que fazem a festa em momentos de tensão. 

Fontes: acerola, limão, laranja, morango, caju, brócolis e rúcula

Arginina e lisina

Pesquisas indicam que combinar esses dois aminoácidos diminuiria a concentração de cortisol pelo corpo, garantindo uma baita tranquilidade. "A forma de ação, porém, ainda não é conhecida", avisa Fabiana Honda. 

Fontes: cacau, nozes, castanha de caju e semente de girassol

Cálcio

Entre suas tarefas estão administrar a transmissão de impulsos nervosos e, junto com o magnésio, gerenciar a contração muscular. A ausência do mineral, afirma Ana Paula Fioreti, é capaz de gerar uma senhora agitação. 

Fontes: leite e derivados, vegetais verde-escuros, salmão e gergelim Fontes: leite e derivados, vegetais verde-escuros, salmão e gergelim

Complexo B

Todas as vitaminas desse grupo mantêm o corpo em ordem. Mas, de acordo com Priscila Meirelles, a B6 e o ácido fólico são essenciais para a formação do neurotransmissor serotonina. "Sem essa dupla do complexo B somada ao triptofano e ao magnésio, ele não é criado." 

Fontes: feijões, lentilha, grão-de-bico, cereais integrais, aspargos e couve

Sossego pós-malhação

De acordo com Felipe Schuch, educador físico e doutorando em psiquiatria na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a UFRGS, as evidencias levam a crer que os exercícios acalmam os nervos porque estimulam a liberação de uma substancia chamada endorfina. "Até agora as atividades aeróbicas, como corrida, pedalada e natação, mostraram-se mais eficientes nesse sentido", completa. Mas para a sessão de descarrego funcionar mesmo é preciso escolher o horário do treino com cautela. Afinal, malhar a noite pode atrapalhar o sono de muita gente e tornar o dia seguinte um verdadeiro pesadelo.

Óleo de amêndoas hidrata a pele e recupera o cabelo

Descubra por que ele continua um clássico, mesmo com tantas novidades em 

Seu perfume atravessa gerações, por mais que as novidades cosméticas não parem de chegar às prateleiras. Conhecido por fazer parte do enxoval das gestantes, o óleo de amêndoas tem alto poder de hidratação e ajuda a prevenir a formação de estrias quando a pele se distende demais. "Ele evita a perda de água na pele e todos os problemas relacionados a isso", afirma a dermatologista Cristiane Dal Magro, da Universidade Federal de Brasília. O cabelo também sai ganhando com essa solução simples e barata, como explicam os especialistas nas dicas que você lê a seguir.

previne estrias - foto Getty Images
Hidrata e previne estrias 
Assim como outros óleos vegetais, o de amêndoas deixa a pele mais protegida contra a perda de água. Resultado: ela fica mais macia e hidratada, além de sofrer menos com as agressões externas (vento, frio e baixa umidade do ar ambiente). 

A eficiência do óleo de amêndoas na prevenção de estrias e rugas explica-se graças à melhora na elasticidade da pele. "Mas não ache que o óleo acaba com estrias já formadas, essas cicatrizes só desaparecem com aplicação de laser", afirma a dermatologista.  
óleo de amêndoas - foto Getty Images
Poder anti-inflamatório 
Além de deixar a pele mais macia, o óleo de amêndoas tem propriedades que desinflamam acalmam irritações cutâneas. "Isso acontece devido à presença do zinco, mineral que atua no organismo diminuindo o processo inflamatório agudo", afirma o esteticista ortomolecular e cosmetologista Edjasto Brito, do Instituto Isa Prudome. A dermatologista de Brasília acrescenta que o óleo possui antioxidantes e vitamina E, úteis em processos de desinflamação.
óleo de amêndoas - foto Getty Images
Cabelo com menos volume 
Os efeitos que o óleo proporciona a nossa pele também podem ser percebidos nos cabelos. "Há recuperação dos fios danificados e diminuição do volume", diz Edjasto. Mas o ideal, nesse caso, é buscar xampus e condicionadores que contenham óleo de amêndoas na fórmula. "O óleo se deposita no cabelo, que fica muito pesado e com aparência suja", afirma a dermatologista. Se for aplicar o óleo puro nos fios, deixe agir por cinco minutos e lave o cabelo como de costume. 
óleo de amêndoas - foto Getty Images
Fim da descamação
O óleo de amêndoas tem efeito emoliente (ajuda a pele a recuperar sua oleosidade natural), por isso é uma boa opção quando o clima está muito seco ou após o sol. Mas, no caso de quem tem a pele seca como característica, o ideal é combinar o uso do óleo a hidratantes especiais. "O óleo favorece a absorção dos hidratantes, que penetram mais fundo na pele e agem mais rápido", afirma dermatologista. 
óleo de amêndoas - foto Getty Images
Cuidados na hora da aplicação 
O melhor momento para aplicação do óleo de amêndoas é após o banho. Os poros estão mais abertos e o produto consegue penetrar bem na pele. Prefira fazer isso durante a noite, quando o corpo está menos exposto a partículas de poeira e poluentes, que podem acumular na pele.
óleo de amêndoas - foto Getty Images
Uso diário 
Nenhuma contraindicação impede que você aplique o óleo de amêndoas todos os dias na pele e no cabelo. "As regiões do corpo que são mais ressecadas, como os cotovelos, merecem uso diário", afirma a dermatologista. Evite usar óleo de amêndoas no rosto caso você tenha pele mista ou oleosa - o cuidado é para prevenir a formação de acne. 
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Óleo para problemas intestinais 
O óleo de amêndoas, em formulação específica para consumo oral, pode ser usado contra o intestino preguiçoso, porque tem ação laxativa. "O ideal é procurar um médico e decidir junto a ele a dosagem certa. Vale lembrar que a versão disponível para uso na pele pode conter resíduos tóxicos de solvente (usado para extrair o óleo da semente) e não pode ser ingerido", afirma a dermatologista.